UMA VONTADE...UM SONHO REALIZADO...

Desde muito cedo, eu tinha vontade de ter um carro exclusivo, que ninguem tivesse igual. Um carro que me representasse. Não podia ser algo comum, simples. O sonho era pegar um veiculo num ferro velho ou desmanche e recupera-lo totalmente. Esta idéia me perseguiu durante quase toda a adolescencia. Quando tinha 17 anos, ganhei do meu pai um Gordini 1967, cinza granizo.
Foi o inicio do ferrugem na veia. Passei muitas alegrias e muitas raivas com este Gordini.
Depois tive mais algumas coisas deste tipo, como Lambretta LD 1959, DKW Vemaguet 1967, outro Gordini 1966 azul (muito lindo)...Mas casei, e fiquei apenas com a Lambretta e um fusca 1963, ainda 1.200 cc e 6 volts. Logo troquei o fusca por um Fiat 147 GLS, depois um Uno SX.
A Lambretta foi vendida pra um colecionador.
Fiquei com carros meios normais, um gurgel X12 Xavante depois um fusca baja.
A começou a germinar em mim a vontade de ter um 4x4. Pesquisei alguns jeep´s e não estavam ao meu alcance. Um dia, numa oportunidade apareceu um Niva 1991 vermelho. Nunca tinha visto os carros da Lada com bons olhos. Na minha carreira de mecanico automotivo, evitei sempre de mexer nestas criaturas.
Mas o nivinha me cativou. Logo comecei a gostar do carrinho. Estava com o motor ja cansado.
Arrumei umas coisinhas nele, como rachaduras no assoalho, eliminei o borrachão, trocando por homocinética. Passeei muito com ele. Mas bebia muito.
Numa tarde de sábado, fomos á praia pescar, e tinha um buggy atolado, com o motor molhado.
Pediram ajuda, e com o niva, puxei o buggy pra areia mais dura.
O dono do buggy se engraçou no niva, e acabou comprando-o. Pedi um preço acima da média e ele bancou.
Após este Niva, novamente veio a vontade de ter um 4x4, mas ainda queria um CJ5 (jipe willys).
Porcurei muito. Fui a varias cidades do interior, mas não consegui nenhum dentro das minhas possibilidades.
Uma tarde, andando por um bairro longe do meu, vi uma rural linda, na porta de uma oficina. Parei imediatamente. Era uma oficina de 4x4. Perguntei ao proprietario da oficina, se tinha algum jipe ali pra vender. Ele me apontou um, jogado ali, numa área descoberta. Um CJ5 preto, totalmente desmontado, motor fora do lugar, meio podrão e muito sujo claro.
Na época eu tinha um buggy pra negócio, e fui atras do dono do jeep.
Fizemos negócio no jeep com o buggy. Logo em seguida recebi uma oferta pelo CJ. Quase aceitei. Mas resolvi realizar aquele sonho de juventude. Recuperar totalmente um carro, e deixa-lo único.
Comecei o processo de recuperação do jeep, ja tendo logo de cara uma surpresa desagradável. Toda a relação do eixo dianteiro estava destruida por agua salgada. Foram dias e noites na reforma, com desmontagem total.
Reforma geral com melhorias. Pintado de preto fosco com detalhes em laranja. Me deu muitas alegrias e muitos aborrecimentos tambem.
Quando me mudei para Florianópolis, nasceu minha flha, e bebês e CJ´s não combinam. Vendi o CJ e fui a procura de outro niva. Achei um na internet, numa cidade vizinha. Liguei pro proprietário, e era carnaval. Ele não podia me mostrar o Niva, porque estava saindo de viagem.
Mas depois de 2 semanas, fui ver o Niva. Eu estava um Voyage GLS 1.8 bem bonito e rolou uma troca. Voltei com o niva pra casa.Começou a historia do MIKHAYL (OS CABELOS)...kkkk.
Na ida pra casa, ja fui entendendo o carro, sentindo os problemas, aquela tremedeira normal, a direção pesada, o cheiro de gasolina dentro...ahh o bom e velho Niva.
O motor ja apresentava desgastes, com ruido de rajadas...mas ainda tinha potencia. Este Niva já estava com algumas alterações, feitas pelo dono anterior, como carburador weber 460, ignição eletronica, bancos dianteiros do Fox, estribos e quebra-mato Keko e ventuinha elétrica.
Primeira coisa que fiz foi tirar o acoplamento elástico (borrachão), e adaptar a homocinética do gol, igual a que fiz no Niva vermelho. As trepidações acabaram...próximo passo, eliminar o cheiro de gasolina dentro do carro. Retirei os forros laterais traseiros e a tampa de ferro que cobre o tanque...bingo!!!
O sistema de respiro estava todo errado e uma saida aberta.
Refiz o sistema, colocando uma saida de vapores pra fora da cabine, com um duto (mangueirinha)ali pelo local do bocal do tanque, dentro da portinhola.Acabou o cheiro de gasolina.
Como meu único carro, usava pra tudo.
Anda pra cá, anda pra lá...e o motorzinho original cada vez mais barulhento...e eis que um belo dia, indo de casa pra oficina...a luz vermelha do oleo acende!!! Como estava muito próximo da oficina, toquei direto. Mas qdo la cheguei, o motor travou.
Bom...era previsível.
Hora de refaze-lo, e já tinha pesquisado sobre os up-grades possíveis, e até a instalação de um AP. Mas nunca fui muito adepto de motor AP pra Nivas. Então resolvi passar o motor pra 1.7 com pistões de Tempra...
Moto fora do carro, demontado, constatei que a bronzina da biela do 1º cilindro virou no mancal, e tampou a lubrificação. A medida do vira era 0,25. Mas devido ao trancamento, o virabrequim ficou imprestável. Os pistões estavam bem desgastados, assim como os apoios de corrente de comando.
Comecei a procurar peças, e em Floripa e região não tinha nada.
Comecei a procurar em desmanches, um outro vira, e foi uma perigrinação. O maior problema era achar um que pudesse ser retificado, sem ir pra ultima vida dele.
Após levar uns 10 pra retifica e nenhum deles prestar, estava quase desanimado, e parei num desmanche pequeno, e lá tinha um motor de laika, ainda montado. O sujeito queria vender o motor completo, e queria um preço até bom, mas negociei com ele, em abrir e levar o vira pra retifica pra uma análise. Ele concordou e eu me taquei a desmontar o motor, no meio de um monte de peças imundas e muita lama. Ao observar as bronzinas, vi que eram STD.
Me animei. Levei a retífica e uma boa noticia...estava sem trincas. Poderia ser retificado pra 0,25.
Próximo passo, achar 4 pistões de tempra std 8V. Novamente rodei bastante, só achava peças ruins ou outras medidas. Encontrei 4 em uma outra retífica, e acabei fazendo amizade com o dono. Ele se prontificou a abrir o bloco pros novos pistões. Feito isto, mandei buscar em Fortaleza, numa distribuidora de peças, os anéis novos dos pistões do tempra, bronzinhas de mancais e bielas 0,25, anéis de encosto do vira STD, bomba de oleo e jogo de juntas completo. O cabeçote foi totalmente revisado e rebaixado em 0,05mm, pois já almejava usar álcool, aproveitando o carburador weber e os pistões maiores.
Com todas as peças em mãos, coloquei o bloco ja retificado no cavalete e comecei a trocar os selos de água, pois um serviços deste, tem que ficar td certinho. No bloco do niva, atras, do lado da embreagem, há um selo grande e ao tentar remove-lo, bati com uma alavanca. O disgramado estava podrão já, e a batida que eu dei foi muito forte...resultado, a alavanca varou bloco adentro e ARROMBOU o 4º cilindro. Que raiva...que burro...
E agora??? Arrumar outro bloco??? Mas ai teria que ser um com nota e blá blá blá...
Falei com o amigo da retífica, e contei o ocorrido. Ele surgeriu encamisar o cilindro. Levei o bloco lá e assim foi feito.
Bloco novamente no cavalete, selos devidamente trocados, inciei a montagem do motor. A meia lua da corrente, fiz em tecnyl de alta densidade. Motor montado, pintado de amarelo Carterpillar, hora de enfiar no niva. A espectativa era grande em saber como ficou, com mais compressão. Motor ligado, pressão de oleo verficada. Motor roncou bonito a gasolina ainda...já sentia uma potencia maior, mas claro, como o cabeçote estava rebaixado, precisei manter o ponto atrasado um pouco. Rodei uns dias pra ver como estava a temperatura e td mais. Nenhum problema. Então resolvi alterar a giclagem pra álcool. Comprei um kit completo de reparo do carburador weber a álcool do escort. Carburador e velas pra álcool instaladas, ponto ajustado,sai pra um teste...ficou excelente. Muita força. Mas sabia que teria q alterar a válvula termostática, pois ainda era pra gasolina, e logo o inverno chegaria e teria problemas de funcionamento.